segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Folha de São Paulo, 11/02/08
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft1102200816.htm
DITADURA

Argentina prende militares que mataram guerrilheiros em 1972

ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES

Dois ex-integrantes da Marinha argentina foram presos no último sábado por disparar contra 19 guerrilheiros em 22 de agosto de 1972, no crime que ficou conhecido como Massacre de Trelew. Dos 19, 16 morreram, e os três que se salvaram fazem parte da lista de desaparecidos da última ditadura militar (1976-1983).
A Justiça argentina também ordenou a captura de outros três ex-membros da Marinha: dois não foram encontrados, e o terceiro está nos Estados Unidos, mas deve voltar ao país amanhã.
Foram presos Rubén Norberto Paccagnini, 81, que era chefe da base naval Almirante Zar, onde ocorreu o crime, em Trelew (1.450 km ao sul de Buenos Aires), e Emilio Jorge Del Real, 73, então capitão-de-fragata, que teria estado no local do massacre.
Testemunhas, no entanto, apontam que os principais responsáveis pelos assassinatos seriam o capitão Luis Emilio Sosa e o tenente Roberto Guillermo Bravo, não localizados.
O massacre de Trelew aconteceu no fim da ditadura militar instalada em 1966, após uma fuga fracassada da cadeia de Rawson de guerrilheiros dos grupos Montoneros, ERP e FAR. Após perderem um avião que os levaria ao Chile, mas que partiu com apenas seis de seus líderes, os 19 guerrilheiros se entregaram e foram fuzilados. Pela versão oficial, eles teriam sido mortos após nova tentativa de fuga.
O juiz Hugo Sastre, responsável pela decisão, enquadrou o caso como delito de lesa-humanidade, como os demais praticados durante a última ditadura. Dessa forma, os crimes não prescreveram. Os ex-integrantes da Marinha serão levados à mesma prisão de onde os guerrilheiros tentaram fugir.

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