quinta-feira, 29 de novembro de 2007

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

hipocrisia ...

Folha de São Paulo, 23/11/07
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2311200727.htm
Governo exclui preservativo de ato contra a Aids no Cristo

Evento, que será no dia 1º, terá presença de Lula e conta com o apoio da Igreja

Para ONGs, proibição de distribuir e mencionar preservativo partiu da Igreja, que diz que decisão foi tomada junto com ministério

Moacyr Lopes Junior - 6.jul.2007/Folha Imagem
Cristo Redentor sediará celebração oficial do Dia contra Aids


CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

A distribuição de preservativos e a menção deles como forma de prevenir a Aids foram vetados da comemoração oficial do Dia Mundial de Luta contra a Aids que ocorre no Cristo Redentor, no dia 1º, com presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
O programa brasileiro de combate à Aids é pioneiro entre os países emergentes e um dos mais respeitados do mundo.
Segundo o Fórum Estadual de ONGs e Aids do Rio, o veto foi uma exigência da Curia Metropolitana do Rio para liberar o santuário para o evento. A Igreja alega que a decisão de não se falar ou distribuir preservativos não foi imposta, mas sim tomada em comum acordo com o Programa DST Aids, do Ministério da Saúde.
O ministério, por sua vez, diz que a questão do preservativo nem chegou a ser discutida com a Igreja porque o evento no Cristo será multi-religioso, focado na solidariedade aos pacientes que vivem com Aids, e não na prevenção da doença.
Para o fórum, que representa 120 organizações de apoio às vítimas da Aids, o fato de o ministério acatar a decisão da Igreja representa um retrocesso na luta contra a Aids. "A Igreja já fez outras imposições e agora vem mais esta: libera o Cristo Redentor, mas não pode ter nenhuma associação à camisinha. Isso é um contra-senso", afirma Roberto Pereira, um dos coordenadores do fórum.
Para ele, a escolha do Cristo foi acertada, especialmente neste ano em que a estátua foi eleita uma das sete maravilhas do mundo. "Mas [o ministério] submeter-se à pressão da Igreja, para nós, é um retrocesso. Solidariedade é superimportante, mas solidariedade sem camisinha, com o perdão do trocadilho, é uma furada."
O bispo auxiliar do Rio, dom Antonio Augusto Dias Duarte, afirma que, desde o início, a Arquidiocese do Rio decidiu apoiar o evento no Cristo por se tratar de um "dia de defesa dos direitos dos doentes da Aids", e não para falar de prevenção. "A Igreja não impôs nada."
Ele afirma que sua oposição ao uso da camisinha como prevenção da Aids é amparada mais em evidência científica do que nos preceitos morais difundidos pela Igreja. Médico, o bispo questiona a eficácia do preservativo devido à suposta alta taxa de falibilidade por mau uso e defeitos de fábrica.
"30% das mulheres engravidam usando camisinha. Você entraria em um avião que tivesse 30% de chances de cair?"
Diversos estudos confirmam a eficiência do preservativo na prevenção da Aids e de outras DSTs. Em um deles, da Universidade de Wisconsin (EUA), demonstrou-se que o uso correto e sistemático de preservativos em todas as relações sexuais apresenta uma eficácia entre 90 e 95% na prevenção do HIV.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2311200709.htm
Sauditas punem mulher estuprada

Jovem de 18 anos violentada por sete homens é condenada a seis meses de detenção e 200 chibatadas

Juízes censuraram encontro da vítima desacompanhada com homem em shopping; lei islâmica local adota segregação entre os sexos

DA REDAÇÃO

O local é Qatif, Arábia Saudita. O crime, o estupro de uma adolescente de 18 anos por sete homens há cerca de um ano e meio. O que despertou reações mundiais nos últimos dias, porém, é o resultado: a vítima foi condenada na semana passada por uma corte a seis meses de prisão e 200 chibatadas.
"Para o tribunal, [o estupro] foi culpa da garota e não teria acontecido se ela não tivesse ido se encontrar com um homem que não é seu parente", disse o advogado de defesa do caso, Abdulrahman al Lahim, ao jornal "Arab News".
O calvário da garota de Qatif, como a vítima ficou conhecida, começou em 2006, ao se encontrar com um conhecido em um shopping local. Segundo seu advogado, ela estava noiva e quis recuperar fotos antigas, "não comprometedoras", com o homem. No local, ambos foram seqüestrados por um grupo de sete homens e sofreram repetidos abusos. Ela conta que foi estuprada 14 vezes.
Em outubro de 2006, o caso foi levado a julgamento. Os sete acusados receberam sentenças de no máximo cinco anos de prisão -o que é considerado leve, já que o estupro pode ser punido com a morte na Arábia Saudita.
Segundo o ministro da Justiça do país, citado pelo jornal "Kwait Times", os sete não foram condenados à morte por "falta de testemunhas" e "ausência de confissões". Mas o tribunal não parou por aí: censurando a reunião sem supervisão entre as vítimas, eles foram condenados a 90 chibatadas.
A Arábia Saudita tem um sistema de cortes religiosas que seguem a lei islâmica (sharia), um código que não está escrito. Em muitos crimes, como estupro, as sentenças dependem da interpretação do juiz.
A garota recorreu e, mais de um ano depois, conseguiu que a pena dos estupradores fosse elevada para entre dois e nove anos de prisão. De novo, porém, ela própria foi punida: a corte mudou na última semana sua sentença para 200 chibatadas e seis meses de prisão.
Uma fonte da corte citada pelo "Arab News" afirmou que os juízes se irritaram pela tentativa da garota de "influenciar o Judiciário por meio da mídia". Antes da apelação, ela, seu marido e seu advogado buscaram apoio da imprensa para tentar reverter o castigo. O advogado de defesa, segundo Al Lahim afirmou à CNN, teve a licença profissional foi cassada.
Nesta semana, os pré-candidatos à Presidência dos Estados Unidos Hillary Clinton, John Edwards e Joe Biden fizeram apelos pela reversão da sentença e criticaram o silêncio do governo americano. Apesar de dizer que o resultado do julgamento foi uma "surpresa", a Casa Branca não condenou explicitamente os sauditas, aliados que são os maiores exportadores de petróleo do mundo.
Grupos de direitos humanos, como o Human Rights Watch, também protestaram.

Dubai
A Justiça saudita não é a única a causar controvérsia recente no Ocidente com uma decisão sobre um crime sexual : nos Emirados Árabes Unidos, tidos como exemplo de modernidade no Oriente Médio, o caso de um adolescente francês de 15 anos violentado por três homens no banco de trás de um carro também virou manchete internacional.
A vítima, Alexandre Robert, sua família e diplomatas franceses dizem que, além de desencorajarem uma queixa, as autoridades de Dubai levantaram a possibilidade de processar o jovem por "atividade homossexual criminosa". Robert também levou meses para ser informado de que um de seus agressores é portador do HIV.
O país classifica a violação de homens como "homossexualidade forçada", geralmente punida com prisão por até dois anos, segundo o "New York Times". Robert ainda fará testes para excluir a contaminação por HIV. Ele deixou Dubai. O caso será julgado e, segundo a promotoria local, os dois acusados adultos poderão ser executados. O terceiro, adolescente, enfrenta uma corte juvenil.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

BIZARRO!

http://www1.folha.uol.com.br/folha/colunas/zapping/ult3954u347533.shtml
22/11/2007

Com baixa audiência, Ana Maria Braga faz dança sensual na Globo


da Folha Online

Divulgação
Com baixa audiência do "Mais Você", Ana Maria Braga faz dança sensual na Globo
Com baixa audiência do "Mais Você", Ana Maria Braga faz dança sensual na Globo

A loira levou ao "Mais Você", na quarta-feira (21) de manhã, uma professora para dar aula de pole dance, aquela dança que Flávia Alessandra faz na boate de striptease, em "Duas Caras". Depois de mostrar imagens da atriz na novela, Ana Maria Braga pegou na barra e começou a dançar. Não deu resultado em audiência. A Globo teve cinco pontos contra oito do "Hoje em Dia", da Record, segundo a prévia do Ibope. A derrota para a Record é freqüente. Ela tem perdido também para o "Fala Brasil".

terça-feira, 20 de novembro de 2007

http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI2087821-EI5030,00.html

Terça, 20 de novembro de 2007, 13h11 Atualizada às 13h30

OAB: deixar menina com 20 presos é intolerável

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Cezar Britto, disse hoje que a prisão de uma menina de 15 anos em uma cela na cadeia de Abaetetuba, no interior do Pará, juntamente com 20 homens e por vários dias é "hediondo e intolerável". Segundo o Conselho Tutelar do município e membros da comissão de direitos humanos da OAB do Pará, a menor de idade foi, inclusive, estuprada durante o tempo em que permaneceu no local. A polícia justificou a apreensão da jovem suspeita de furto por um mês dizendo que ela não teria documento de identidade.

» Conselho: jovem presa foi violentada
» PA: jovem fica presa com 20 homens

"É algo impensável no mundo moderno, além de um grave ataque ao sistema constitucional brasileiro", afirmou Britto que pretende levar o tema para discussão na Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal da OAB.

"O episódio é gravíssimo por três razões: primeiro, por não se reconhecer no Brasil os direitos das crianças e adolescentes, o tratamento especial que elas devem receber do Estado, que não pode tratá-las como se fossem marginais", criticou Britto. Para ele, em segundo lugar, o caso da menina, descoberta em uma diligência da Comissão de Direitos Humanos da OAB do Pará, constitui "grave descaso que se tem com as mulheres brasileiras, ainda vítimas do preconceito".

Ele também observou que o episódio demonstra ainda o descaso das autoridades brasileiras no que se refere ao sistema penitenciário - o que já foi apontado até mesmo por relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU).

http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/blog/default.asp#1462
(19/11/2007 23:13)
A tréplica que o principal biógrafo de Che Guevara, Jon Lee Anderson, segundo a própria Veja, encaminha para responder àquela cartinha arrogante de Diogo Schelp é de lascar. Se eu fosse o tal Dioguito (aliás, Veja anda bem de Diogos), pedia para ir ao banheiro e sumia por um bom tempo.

Não que Anderson diga alguma novidade, mas porque repete tudo o que estamos acostumados a dizer quase todas as semanas – e que Veja atribui a um certo esquerdismo tupiniquim. Dane-se o que Veja pensa. Eu, por exemplo, leio vários jornais estrangeiros de direita pela internet e quando posso compro uma The Economist, a principal revista do neoliberalismo.

Eles são de direita, e daí? Mas trabalham com informação. A interpretação faço a minha. E, em geral, descarto a deles. Se desse para fazer o mesmo com o panfleto dos Civita, entenderia. Revista também é (e muito) opinião e interpretação. E para isso ela precisa ter lado.

O problema é que Veja não é há tempos produto jornalístico. Virou um laboratório de invenções com uns cientistas-jornalistas pretensiosos e gananciosos que fazem qualquer coisa para assinar uma matéria de capa. Esse é o problema. E Anderson é tão arrasador nisso (citando que entrevistados Veja escolheu, como manipulou a história etc) que, repito, se fosse o tal Dieguito (Schelp) pedia pra ir tomar ir ao banheiro. E pulava a janela para não ter de voltar pela porta. Leia a tréplica abaixo e se quiser ver o resto da polêmica, consulte os posts anteriores.

Prezado Diogo Schelp, agradeço pelo sua “gentil” resposta. (Soube que você é de fato uma pessoa muito “gentileza”; você mesmo o disse duas vezes em suas mensagens – claro que isso é uma ironia de Anderson com o inglês preciso do editor de internacional de Veja). Só agora percebo, o mal-entendido entre nós nasceu exclusivamente por conta de meu caráter profundamente falho. Eu jamais deveria ter presumido que você recebera meu e-mail inicial em resposta ao seu ou minha segunda mensagem a respeito de sua reportagem. Muito menos deveria ter considerado que você pudesse ter decidido ignorá-los. É evidente que você tem um sistema de bloqueio de spams muito rigoroso. Uma dica técnica: talvez devesse configurar seu sistema como “moderado” e não “extremo”. Se o fizer, talvez comece a receber seus e-mails sem quaisquer problemas. Lembre-se, Diogo: moderado, não “extremo”. Esta é a chave.

Você me acusa de ser antiético, um “mau jornalista”. Questiona até se posso ser chamado de jornalista. Nossa, você TEM raiva, não tem?

Enquanto tento parar as gargalhadas, me permita dizer que, vindo de você, é elogio. Permita, também, recapitular por um momento a metodologia utilizada por você para distorcer as informações que o público de Veja recebeu:

Você publicou na capa e na reportagem uma grande quantidade de fotografias de Che, aproveitando-se assim da popularidade da imagem de Guevara para vender mais cópias de sua revista. Para preencher seu texto, você pinçou uma certa quantidade de referências previamente escritas sobre ele – incluindo a minha – para sustentar sua tese particular, qual seja, a de que o heroismo de Che não passa de uma construção marxista, como sugere seu título: “Che, a farsa do herói”.

Para chegar a uma conclusão assim arrasa-quarteirão, você também entrevistou, pelas minhas contas, sete pessoas. Uma delas era um antigo oponente de Che dos tempos da Bolívia. As outras seis, exilados cubanos anti-castristas, incluindo ex-prisioneiros políticos e veteranos de várias campanhas paramilitares para derrubar Fidel. (Um destes, o professor Jaime Suchlicki, você não informou a seus leitores, é pago pelo governo dos EUA para dirigir o assim chamado Projeto de Transição Cubana.) Percebi também que você prestou particular atenção no testemunho de Felix Rodriguez, ex-agente da CIA responsável pela operação que culminou na execução de Che. O fato de que você o destaca quer dizer que você o considera sua melhor testemunha? Ou terá sido porque ele foi o único que algum repórter realmente entrevistou pessoalmente? Com os outros, parece, Veja só falou por telefone. Mas como são rigorosos os critérios de reportagem de Veja!

Como disse em minha “carta aberta” a você, escrever uma reportagem deste tipo usando este tipo de fonte é o equivalente a escrever um perfil de George W. Bush citando Mahmoud Ahmadinejad e Hugo Chávez. Em outras palavras, não é algo que deva ser levado a sério. É um exercício curioso, dá para fazer piada, mas NÃO é jornalismo. Dizer a seus leitores, como você diz na abertura da reportagem, que “Veja conversou com historiadores, biógrafos, ex-companheiros de Che no governo cubano” passa a impressão de que você de fato fez o dever de casa, que estava oferecendo aos leitores um trabalho jornalístico bem apurado, que apresentaria algo novo. Infelizmente, a maior parte do que você escreveu é mera propaganda, um requentado de coisas que vêm sendo ditas e reditas, sem muitas provas, pela turma de oposição a Fidel em Miami nos últimos quarenta e tantos anos.

Minha questão não é política. Escrevi um livro, como você mesmo disse, que é “a mais completa biografia” de Che. Há muito lá que pode ser utilizado para criticar Che, mas também há muitos aspectos a respeito de sua vida e personalidade que muitos consideram admiráveis. Em outras palavras, é um retrato por inteiro. Como sempre disse, escrevi a biografia para servir de antídoto aos inúmeros exercícios de propaganda que soterraram o verdadeiro Che numa pilha de hagiografias e demonizações, caso de seu texto.

Não cometa o erro de me acusar de defender Che porque critico você. Serei claro: a questão aqui não é Che, é a qualidade do seu jornalismo. Sua reportagem, no fim das contas, é simplesmente ruim e me choca vê-la nas páginas de uma revista louvável como Veja (não, Anderson, Veja não tem nada de louvável. Talvez você precise lê-la um pouco mais). Seus leitores merecem mais do que isso e, se aparecerei ou não novamente nas páginas da revista enquanto você estiver por aí, não me preocupa. O que PREOCUPA é que, com tantos jornalistas brilhantes como há no Brasil, foi a você que Veja escolheu para ser “editor de internacional”.

Cordialmente,

Jon Lee Anderson.

http://www.agenciacartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=14719&boletim_id=380&componente_id=7073

COMPLEXO DO ALEMÃO

Ocupação completa 6 meses; política de segurança é criticada

Parlamentares, entidades de defesa dos direitos humanos e relator da ONU condenam política de segurança do Governo do Rio de Janeiro. Polícia volta a entrar no Complexo do Alemão e confronto deixa seis feridos.

RIO DE JANEIRO – Seis meses após seu início, a ocupação do Complexo do Alemão pela polícia do Rio de Janeiro ainda não apresentou qualquer resultado diferente dos confrontos e mortes comuns a operações desse tipo. Apesar do entusiasmo do governo estadual com a ação policial e do suposto apoio da opinião pública (turbinado pelo clima “tropa de elite” que acomete a classe média carioca), a ocupação do entorno do conjunto de favelas habitado por quase 200 mil habitantes vem sendo novamente muito criticada por parlamentares, entidades de defesa dos direitos humanos e até mesmo pela ONU.

Até mesmo a estratégia militar de ocupação do Complexo do Alemão já está sendo questionada, pois o tráfico de drogas não somente continua existindo na região como seus principais integrantes já deram mostras de sua capacidade de deslocamento para favelas vizinhas. Além disso, a longa convivência entre policiais e traficantes provocada pelo cerco aos acessos das favelas já começaria a produzir efeitos perversos: segundo denúncia investigada pela Polícia Federal, policiais da Força Nacional de Segurança (FNS) teriam recebido dinheiro de traficantes para permitir a entrada de armas e drogas no complexo.

Tratado com mal-disfarçada hostilidade pelas autoridades de segurança pública em sua passagem pelo Rio de Janeiro - o governador Sérgio Cabral Filho sequer o recebeu - o relator especial da ONU para casos de execuções sumárias, arbitrárias e extrajudiciais, Philip Alston, tratou a ocupação do Complexo do Alemão como o mais grave ponto do parecer que apresentou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à imprensa na semana passada. O australiano já avisou que as denúncias sobre as prováveis execuções ocorridas durante uma invasão do complexo no dia 27 de junho, que resultou em 19 mortes, ocuparão boa parte do relatório que encaminhará ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.

As críticas de Alston à política de segurança do Governo do Rio não se limitaram à ocupação do Complexo do Alemão. O relator da ONU também se disse impressionado com o número de casos de morte em conflito com policiais, conhecidos como autos de resistência, no Estado. De acordo com os dados fornecidos pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), este ano foram registrados 1.072 autos de resistência até o fim de outubro, o que representa um aumento de 20% em relação ao mesmo período no ano passado (894 mortos). Este é o segundo maior número de autos de resistência desde 1998, quando as estatísticas da criminalidade no Estado começaram a ser divulgadas pelo governo.

Membro da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) chama a atenção para o fato de que o aumento da ocorrência de autos de resistência no atual governo vem acompanhado do aumento do número de furtos e de roubos e da diminuição das quantidades de drogas e armas apreendidas pela polícia: “Esses números, apresentados pelo próprio governo, representam uma grande falta de eficiência e mostram que a lógica da atual política de segurança não se sustenta”, diz.

O deputado, que esteve com Philip Alston no Rio, lamentou que Sérgio Cabral Filho não tenha recebido o relator especial da ONU: “O governador se mostrou muito despreparado, não teve um comportamento democrático nem observou as regras institucionais de convivência com uma organização independente. Todas as polícias do mundo que melhoraram, o fizeram depois de aceitar algum tipo de ajuda externa”, disse Freixo, citando os exemplos da Irlanda e da Colômbia.

Confrontos periódicos
Para Sandra Carvalho, da ONG Justiça Global, a visita de Alston foi importante pelo contato direto que o australiano teve com moradores e parentes de vítimas do Complexo do Alemão: “Isso fez com que ele formasse uma opinião sobre o caso muito parecida com a desenvolvida pelas organizações de direitos humanos”, diz. Ela também é crítica feroz da política de segurança levada a cabo pelo governo estadual: “Não traz nenhum benefício, nenhum resultado positivo. O que traz são as mortes, que servem como critério de eficiência apenas para o próprio governo”.

Alheia às críticas que vem recebendo, a polícia continua investindo periodicamente no Complexo do Alemão. Na manhã de sexta-feira (16), cerca de trinta homens do 16º Batalhão da Polícia Militar (Olaria) invadiram a Vila Cruzeiro - mesma favela onde ocorreu o confronto de junho - para checar uma denúncia de que quatro líderes do tráfico local estariam reunidos em uma casa. O resultado foi um confronto entre armamentos pesados que durou mais de quatro horas e levou pânico aos moradores. Ao final, seis moradores foram feridos à bala, sem maior gravidade. Nenhum traficante foi preso.

Estratégia equivocada?
A estratégia de ocupação do complexo, que prioriza o “bloqueio” das principais vias de acesso às favelas, já é questionada abertamente dentro da própria polícia. A grande extensão da área a ser vigiada e a proximidade com outras favelas não ocupadas, como o Morro da Baiana ou o Morro do Adeus, facilita o deslocamento dos traficantes. A maior parte do arsenal do grupo que controla o Alemão já teria se deslocado, e a prova disso, segundo alguns policiais, seria a recente morte do policial Eduardo Henrique de Mattos, alvejado com um tiro de fuzil quando sobrevoava o Morro do Adeus em um helicóptero da Polícia Civil: “Ocupar o Alemão sem ocupar também o Adeus seria suicídio”, resumiu o delegado Rodrigo Oliveira, titular da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core).

O bloqueio policial de seis meses não parece impedir que as armas e as drogas continuem entrando nas 16 favelas que compõem o Complexo do Alemão. Uma das possíveis causas dessa deficiência foi apontada em um relatório elaborado no fim do mês passado pelo setor de inteligência da Polícia Federal. O documento denuncia que agentes da Força Nacional de Segurança (FSN) teriam recebido propina individual de R$ 500 para facilitar a entrada de drogas e armas no complexo, além do transporte destas para o Morro do Adeus no dia 23 de outubro. A direção da PF e o comando da FNS ainda não se manifestaram sobre o relatório.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Foto: Natasha Prado /O Dia
Rio de Janeiro, 15/11/2007 - O gerente da Comlurb afirmou ainda que os estudantes não utilizarão uniformes da empresa, mas ganharam crachás

Foto: Natasha Prado /O Dia
Rio de Janeiro, 15/11/2007 - Luciano Monteiro e Fernando Matos Roiz receberam treinamento para trabalhar com garis, pois terão uma carga horária de oito horas semanais


Rio de Janeiro, 15/11/2007 - Eles iniciaram a prestação de serviços comunitários nesta quinta-feira
http://escriba.org/novo/?p=1298

Leu na Veja? Azar o seu.

Posted by escriba on 14 Nov 2007 | Tagged as: boca no trombone, canalhice, che, imprensa

Mesmo quem não gosta de Che Guevara ficou estarrecido com a matéria de capa da Veja publicada no início de outubro por ocasião dos 40 anos da morte do líder revolucionário. O material escrito por Diogo Schelp e Duda Teixeira era tudo menos reportagem. Se fosse um editorial da revista, ok, faria sentido. Mas como jornalismo… Melhor ficar com a matéria feita em 1997 pela Dorrit Harazim, que é - esta sim - uma bela reportagem sobre Che. Será que os novos controladores da editora Abril têm algo a ver com essa, digamos, guinada de estilo em 10 anos? Huum….

Agora, quem detona a reportagem (sic) da Veja é ninguém menos que Jon Lee Anderson, jornalista americano autor da biografia mais conceituada sobre Che. Ele foi procurado à época por Schelp para falar sobre o assunto mas o papo não foi adiante. Ainda assim, Anderson foi citado na matéria, à maneira de Veja. O cara teve acesso à revista, leu o texto e ficou indignado. Mandou o seguinte email para Schelp:

Caro Diogo,

Fiquei intrigado quando você não me procurou após eu responder seu email. Aí me passaram sua reportagem em Veja, que foi a mais parcial análise de uma figura política contemporânea que li em muito tempo. Foi justamente este tipo de reportagem hiper editorializada, ou uma hagiografia ou – como é o seu caso – uma demonização, que me fizeram escrever a biografia de Che. Tentei pôr pele e osso na figura super-mitificada de Che para compreender que tipo de pessoa ele foi. O que você escreveu foi um texto opinativo camuflado de jornalismo imparcial, coisa que evidentemente não é.

Jornalismo honesto, pelos meus critérios, envolve fontes variadas e perspectivas múltiplas, uma tentativa de compreender a pessoa sobre quem se escreve no contexto em que viveu com o objetivo de educar seus leitores com ao menos um esforço de objetividade. O que você fez com Che é o equivalente a escrever sobre George W. Bush utilizando apenas o que lhe disseram Hugo Chávez e Mahmoud Ahmadinejad para sustentar seu ponto de vista. No fim das contas, estou feliz que você não tenha me entrevistado. Eu teria falado em boa fé imaginando, equivocadamente, que você se tratava de um jornalista sério, um companheiro de profissão honesto. Ao presumir isto, eu estaria errado. Esteja à vontade para publicar esta carta em Veja, se for seu desejo.

Cordialmente,

Jon Lee Anderson.

Detalhe: Anderson é conservador de carteirinha. Até o momento, nem Veja nem Diogo Schelp responderam ao jornalista americano.

(fonte: Pedro Dória)

ATUALIZAÇÃO: O Diogo ‘Schlep’ (como é mais conhecido…) respondeu ao Jon Lee Anderson e, grosseiro toda vida, disse que o jornalista americano não mais será citado na revista Veja. Caramba, Anderson deve estar inconsolável, né não? pfff…. Clique aqui para ler a resposta do Schlep.

Agência Carta Maior, 14/11/07
http://www.agenciacartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=14714&boletim_id=379&componente_id=7057

INSEGURANÇA INFORMATIVA

Observatórios de mídia refletem descrédito da imprensa

Iniciativas de acompanhamento e fiscalização da mídia são resposta da sociedade tanto aos desmandos da imprensa quanto à demanda por uma maior democratização e ética da mídia.

SALVADOR - Em 11 de março de 2004, a Espanha ficou paralisada pelo
terror de um atentado ao trem de Madrid em pleno horário de pico.
Dezenas de pessoas morreram e centenas ficaram feridas. Pouco após o
ocorrido, o governo do presidente José Maria Aznar divulgou, como
resultado de uma apuração supostamente confiável, que o ato terrorista teria sido cometido pelo grupo separatista basco ETA. Como se soube depois, os editores dos principais veículos de comunicação do país receberam telefonemas de Aznar pessoalmente ou de seus ministros, reafirmando a informação.

No subterrâneo das comunicações não alinhadas, no entanto, rapidamente
outra versão começou a tomar corpo: não foi o ETA, mas sim um grupo
islâmico que teria inclusive assumido a autoria do atentado. Esta
versão, que acabou se confirmando, custou ao grupo político de Aznar a
vitória na eleição presidencial que ocorreu três dias depois. A resposta
da sociedade à tentativa de incriminar com mentiras um grupo de
esquerda para fins eleitorais foi avassaladora, e venceu o repúdio ao
apoio do governo de direita à ação americana no Iraque. Dessa forma, a
improvável candidatura do progressista José Luiz Zapatero virou a mesa
e levou a presidência, num dos processos mais extraordinários de força
da opinião pública da história recente.

Mentiras exemplares da imprensa, como as que deram conta da existência
de armas de destruição em massa no Iraque e da participação do governo
do país nos atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA, e que
justificaram o hediondo crime da invasão americana, são extremos de
uma realidade que tem levado a sociedade a sofrer do que o jornalista
Ignácio Ramonet, diretor do jornal francês Le Monde Diplomatique e do Media Watch International, chama de insegurança informativa.

Palestrante do Fórum Internacional Mídia, Poder e Democracia, que
ocorre até este dia 14 em Salvador, Ramonet apresentou os exemplos
acima para expor um processo de descrédito crescente auto-infligido
pela mídia, uma vez que a imprensa e seus profissionais, grandes
lutadores da democracia em momentos de repressão e ditadura, passaram
a ser eles próprios os grandes violadores desta democracia em nome da
mercantilização e "mercenarização" da informação.

A sensação de insegurança informativa se aprofundou com um certo
abandono da imprensa de seu papel de "quarto poder", o avaliador
crítico das disfunções do Estado e suas instancias legislativas,
executivas e judiciárias. O interesse é outro, explica Ramonet. "O
importante hoje, para a imprensa, é o que o maior número de pessoas
quer ver e ouvir. As informações são cada vez mais breves, emotivas e
espetaculares. E, cada vez mais, estas informações são gratuitas.
Então onde está o negócio? Se trata de vender gente aos anunciantes, e
para ter mais gente, a informação tem que ser sedutora", pondera. E
neste ponto, a credibilidade do veículo e do trabalho jornalístico
sofre sérias avarias.

Neste cenário, o surgimento de um número cada vez maior de iniciativas
de monitoramento da mídia em todo o mundo, a exemplo do Observatório
de Imprensa ou do Observatório de Mídia no Brasil, tem sido um
reflexo claro da reação da sociedade perante o descrédito dos veículos
de comunicação.

"Temos agora que buscar uma unidade maior destas iniciativas mundo afora", sugere Ramonet, para que o processo de acompanhamento crítico
da mídia se fortaleça como uma espécie de 'quinto poder'. "Estamos
sugerindo um encontro mundial, quem sabe no Brasil, ligado ao processo
Fórum Social Mundial de 2009, que ocorrerá em Belém, para unificar os
observatórios de mídia".