NAÇÃO FAST FOOD - UMA REDE DE CORRUPÇÃO
TRAILER 1
CRÍTICA
NAS LOCADORAS
Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas oh não se esqueçam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroshima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida A rosa com cirrose A anti-rosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa sem nada
Publicado em junho 14, 2010 by HC
[Envie este texto por Email]Eis como a exploração das fontes renováveis e uma radical re-educação alimentar, com um menor consumo de carne e uma redução dos desperdícios, podem dar uma chance ao mundo. Face a face, o economista norte-americano Jeremy Rifkin e o fundador do Slow Food, Carlo Petrini, compartilham a rejeição aos sistemas centralizados. E pensam juntos sobre uma profunda transformação dos comportamentos. Com a ajuda da Internet.
O diálogo foi publicado no jornal La Repubblica, 09-06-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
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Carlo Petrini – Caro Jeremy, vejo que há extraordinárias semelhanças e paralelismos entre a nova política energética que você promove e a nova política alimentar que buscamos levar adiante com o Slow Food. A política alimentar, de fato, deve se basear no conceito de que a energia primária da vida é o alimento. Se o alimento é energia, então devemos nos dar conta de que o atual sistema de produção alimentar é falimentar. As duas primeiras ideias que, a meu ver, compartilhamos são a rejeição a sistemas muito centralizados e o retorno a uma concepção holística da nossa existência neste planeta.
O verdadeiro problema é que, de um lado, há uma visão centralizada da agricultura, feita de monoculturas e criações intensivas altamente insustentáveis, e, de outro, foi completamente rejeitada a lógica holística, que deveria ser inata à agricultura, para se unir a lógicas mecanicistas e reducionistas. Uma visão mecanicista acaba reduzindo o valor dos alimentos a uma mera commodity, uma simples mercadoria. É por isso que, no que se refere aos alimentos, já quase perdemos a percepção da diferença entre valor e preço: todos prestamos muita atenção a quanto ele custa, mas não mais ao seu significado profundo. Além disso, com esse sistema, reduzimos os agricultores em todos os cantos do mundo ao desespero. Não se pode seguir em frente desse modo. É preciso mudar de paradigma.
Jeremy Rifkin – É interessante o que você diz, Carlo, porque nos cursos que eu dou aos superadministradores de grandes empresas globais na mais antiga Escola de Economia do mundo [Warthon, na Pensilvânia], procuro justamente reorientar o pensamento. A primeira coisa que eu sempre digo é que, na base da economia do planeta, está a fotossíntese. Com a energia do sol, criamos a vida. Existimos há apenas 175 mil anos e representamos só 0,5% de toda a biomassa viva do planeta, mas estamos usando 24% de toda a energia gerada pela fotossíntese na terra. Somos monstros. Estamos devorando o nosso planeta. Continuando nesse ritmo, nos próximos 20 ou 30 anos, chegaremos a usar a metade da fotossíntese do planeta. Não é possível.
A agricultura, nesse processo, é central, porque está na base da civilização. Só se você tiver uma forte sociedade agrícola você poderá continuar criando uma sociedade industrial em cima dessa estrutura. E, assim, uma sociedade de serviços. Se a base desmorona, isto é, a agricultura baseada na fotossíntese, toda a pirâmide entra em colapso. Nós produzimos o nosso alimento em um sistema energético muito centralizado, com uma grandíssima dissipação de energias fósseis. Essas energias são concentradas e distribuídas do centro para a periferia. A sua exploração pressupõe uma alta intensidade de capitais, que determina uma organização verticalista. Vivemos em um regime energético dentre os mais patriarcalistas e centralizadores da história.
Você tem razão, a agricultura, por sua natureza, não é centralizada. Ao invés disso, buscou-se transformá-la para torná-la compatível com esse regime energético: criou-se a “agroindústria”, e a divorciamos completamente da natureza, quase como se o meio ambiente fosse o inimigo. Não é por acaso que desenvolvemos os atuais pesticidas depois da II Guerra Mundial. Antes, os utilizamos para fazer a guerra e depois para a agricultura. A nossa agricultura é baseada em um modelo de guerra. Pelo contrário, o que mais me impressiona no movimento Slow Food é justamente a abordagem holística com relação aos alimentos.
Carlo Petrini – Pense que, por causa disso, muitas vezes nos acusam de passadismo. Mas eu acredito que o passado não deve ser esquecido. Por exemplo, seria necessário voltar à atitude dos agricultores que projetavam as atividades a serem implantadas na sua propriedade. Era uma visão que partia de uma abordagem complexa, de atenção às interconexões, que obtinha a maior eficiência do meio ambiente ao seu redor sem comprometê-lo. O homem colaborava com a natureza. Quando eu ouço as suas teorias sobre a energia, parece-me que novamente é este o conceito: nós não podemos nos mover de maneira monoprodutiva. Devemos seguir o exemplo dos agricultores que decidiam o que fazer nas suas propriedades, e essa poderia ser uma boa prática cultural a ser experimentada em todos os âmbitos humanos. Significa re-encontrar aquilo que o meu amigo Wendell Berry define como “espírito de adaptação local”.
Jeremy Rifkin – Temos uma geração que está crescendo com a Internet. Uma revolução com relação à comunicação centralizada em que eu e você crescemos: rádio, cinema, TV. Tudo, de cima a baixo. Hoje, pelo contrário, os jovens, com um Blackberry ou um iPhone na mão, podem criar a sua informação, os seus vídeos, áudios e textos, armazená-los em formato digital e compartilhá-los. Essa revolução é distribuída, é “open source”, é colaborativa e ocorre em territórios virtuais que são bens comuns compartilhados, “commons”. Uma vez, também na agricultura e em todas as outras atividades econômicas, as pessoas compartilhavam os “commons” e recolhiam seus frutos coletivamente.
Depois, a agricultura também se tornou egoísta, materialista. A verdadeira natureza humana, ao contrário, se dá pelo fato de que nascemos biologicamente interconectados, somos as criaturas mais empáticas do mundo. O que o Slow Food faz, e é a primeira vez que eu o vejo na minha vida, é tomar essa guia base da empatia e estendê-la às nossas escolhas alimentares, à nossa Terra Mãe, a todas as formas de vida sobre este planeta.
Carlo Petrini – Quando me perguntam como foi possível, sem grandes recursos, realizar uma rede como a da “Terra Madre” [rede de comunidades do alimento do movimento Slow Food], que hoje conta com mais de seis mil comunidades em 153 países do mundo, eu respondo que as duas colunas de sustentação são a inteligência afetiva e uma anarquia austera. A inteligência afetiva nada mais é do que a empatia da qual você fala, a força de uma fraternidade que, não esqueçamos, foi o terceiro valor da Revolução Francesa. Mas foi também o mais esquecido.
Hoje, estamos cheios de inteligência racional, e falta a inteligência afetiva. Por anarquia austera, entendo a liberdade por parte das comunidades de serem o que são até o fundo. Isso significa, principalmente, defender, evidenciar a soberania alimentar e a do conhecimento: cada povo, cada comunidade tem o direito de escolher o que comer, o que semear e como comunicar. Tem o direito à sua própria identidade. Neste momento histórico, além disso, parece-me que a soberania do conhecimento é fundamental.
Acredito que os novos instrumentos, como a Internet e o acesso mais imediato aos audiovisuais, podem nos fazer sair da monocultura da escrita, que não havia nas sociedades agrícolas, habituadas à comunicação oral. Com a monocultura da escrita, foram excluídas do conhecimento pessoas como os indígenas, os agricultores, as mulheres, os idosos e agora também aqueles jovens protagonistas da nova revolução da comunicação, que compartilham na Internet, mas ainda são excluídos da cultura “oficial”. É preciso construir velozmente os celeiros da memória, porque as sabedorias e os saberes dessas pessoas ainda podem ser reunidas com os novos instrumentos e colocadas à disposição de todos.
Jeremy Rifkin – Na história da humanidade, ao mesmo tempo que com todas as revolução da comunicação e da energia, mudou também a agricultura, junto com o nosso conhecimento do tempo e do espaço. Isso ocorreu quando passamos da sociedade de caçadores-coletores para uma sociedade de pequena agricultura, depois na passagem para a grande agricultura que se servia da irrigação e, por fim, com o salto para a agricultura centralizada. Em todos os lugares em que isso ocorreu, isso correspondeu a uma revolução das comunicações.
No México, no Egito, na China, na Mesopotâmia, com a agricultura permanente, a escrita teve que se desenvolver. No início do século XIX, quando tivemos que lidar com a primeira revolução industrial e tivemos que converter comunicação e energia, mudou a agricultura: tivemos a convergência entre a imprensa e o uso do vapor e do carvão. Depois, as tecnologias mecânicas na metade do século XIX coincidiram com uma ulterior centralização devido à introdução da química na agricultura, até uma terceira geração, com os transgênicos. Como rompemos essa escalada? Estamos no início da terceira revolução industrial, de um novo modelo de comunicação que está convergindo rumo a um novo regime energético, distribuído.
Quando a comunicação distribuída gerir a energia distribuída, então essa terceira revolução desdobrará todo o seu potencial de crescimento econômico. As energias renováveis se encontram em cada metro quadrado da terra, todos os dias, em todos os lugares: o vento, o sol, a água, os oceanos. Milhões de pessoas poderão produzir a sua energia nos seus edifícios e poderão distribuí-la de maneira racional. O que fizermos com a energia poderá ser replicado na agricultura. A terceira revolução industrial converge com a da agricultura distribuída, um novo modelo para servir às comunidades urbanas e conectá-las com as agrícolas, para movermo-nos rumo a uma agricultura ecológica.
Carlo Petrini – Em 2008, quando encerrei a terceira edição do Terra Madre, defendi, diante de oito mil agricultores do mundo, que a terceira revolução industrial começaria a partir deles, por meio dos saberes e da experiência de quem trabalha com o alimento e pelo alimento. Dizia isso também porque precisamos de uma atitude diferente com relação ao nosso sistema alimentar. A crise que estamos vivendo é uma crise entrópica histórica. O desperdício de energias ocorre sobretudo por causa do sistema alimentar, em uma quantidade de desperdício que não tem igual na história da humanidade. Nós produzimos alimentos para 12 bilhões de seres vivos, enquanto somos sete bilhões. Um bilhão sofre de fome, e mais de um bilhão, ao invés, tem problemas ligados a sobrealimentação, diabetes e obesidade.
As quantidades do desperdício cotidiano são impressionantes: quatro mil toneladas de alimentos comestíveis por dia na Itália, 22 mil nos EUA. Também é preciso, portanto, uma profunda mudança de paradigma individual. Confundir o preço dos alimentos com o seu valor destruiu a nossa alma. Se o alimento é uma mercadoria, não importa se o desperdiçamos. Em uma sociedade consumista, tudo se joga fora e pode ser substituído. Mas o alimento não funciona assim. Do ponto de vista educativo, o trabalho é, por isso, enorme. Não sairemos da crise entrópica se não mudarmos profundamente os paradigmas a partir das nossas vidas individuais.
Jeremy Rifkin – Dizem-nos que há muitas pessoas no mundo e que não há terra suficiente para todos, mas não entendem que um terço de todo o alimento produzido no planeta é ração para bovinos que depois nós teremos que comer. A FAO também disse que a indústria da carne é a segunda causa principal das mudanças climáticas, mas, ao mesmo tempo, defende que a produção de alimentos deve duplicar nos próximos 30 anos para poder alimentar o planeta. Desse modo, teremos 67% da terra cultivada para produzir rações animais!
Então, o que podemos fazer é começar a mudar a nossa dieta. Devemos nos lembrar de que somos onívoros. Somos “projetados” para comer vegetais e integrar essa dieta com pequenas quantidades de carne. Durante 97% da nossa história, fomos coletores-caçadores, não caçadores-coletores. Qual dieta podemos praticar hoje? A mediterrânica por exemplo, mas existem também a dieta asiática e a africana, que se baseiam nas mesmas proporções entre vegetais e animais. O que você disse sobre o valor do alimento é crucial. O alimento expressa a identidade das pessoas. No meu país, com o “fast food”, perdemos o nosso sentido de identidade, e o nosso alimento deixou de ser uma extensão do nosso ser. Esse alimento não é humano em nenhum sentido da palavra.
Carlo Petrini – Chegamos a patentear a vida. É preciso ser inflexível: não se pode patentear a vida. Estou convencido de que é necessário implementar um diálogo entre os dois reinos do conhecimento: a ciência oficial, que se tornou muito reconhecida, e os saberes tradicionais, que de maneira empírica implementaram economias da subsistência, vistas com uma atitude de superioridade. Lembremo-nos, porém, que elas deram de comer a milhões de pessoas durante séculos. Então, penso que chegou o momento para uma dialética. Mas a ciência não pode se colocar em um nível superior.
Jeremy Rifkin – Inicialmente, no meu país, as universidades e as escolas de agricultura se estruturaram sobre a sabedoria dos agricultores, tomaram o seu conhecimento e se tornaram capazes de disseminá-lo. Tudo isso agora mudou. Agora, essas escolas são controladas pelas grandes companhias que manejam a ciência da vida. Se acreditamos na agricultura ecológica, devemos dizer “não” a qualquer forma de patente sobre a vida e sobre os genes. A vida não pertence a uma tribo local, não pertence a uma nação ou a uma empresa como a Monsanto. Pertence à evolução deste planeta. Esse é o verdadeiro desafio para as gerações futuras: vetar as patentes e tornar livre e compartilhada a informação sobre os fundos genéticos, para compartilhar a nossa responsabilidade, porque nós somos os administradores da vida sobre a terra.
Carlo Petrini – Nos Estados Unidos, vejo um grande renascimento dessas temáticas, justamente na pátria do “fast food”. A atenção ao alimento e à nova agricultura, aos mercados agrícolas, deu vida a um movimento muito forte, que está surgindo de maneira explosiva. Vejo isso também porque, lá, o Slow Food está tendo um sucesso surpreendente em termos de adesões. Como você lê essas novas tendências? Você confirma isso?
Jeremy Rifkin – Há muitos valores que estão se agregando, por meio do trabalho dos diversos movimentos. Temos uma geração de jovens consumidores que quer só alimentos biológicos. O que os move é o desejo de saúde. Foi publicado um estudo no mês passado que relaciona os pesticidas com os distúrbios do comportamento e os déficits de atenção. Os pais não querem que os filhos tenham esses distúrbios, portanto evitam os alimentos da agricultura industrial. Além isso, existe o movimento pelo bem-estar animal, que diz: o que é ruim para as plantas e para os animais também é ruim para o homem; o que fazemos para as plantas e para os animais nos processos de agricultura industrial é cruel e voltará para nós.
O terceiro movimento é o ambientalista, que começou a ver as terríveis consequências da agricultura sobre a água e sobre os solos: as contaminações por pesticidas e fertilizantes que destroem ecossistemas inteiros. Esses três movimentos estão surgindo juntos, são muito poderosos e são todos baseados na consciência da biosfera. É o que me dá esperança. Em todas as escolas do mundo, seria preciso ensinar que tudo o que fazemos impacta dramaticamente na vida de qualquer outra criatura. Não somos isolados, autônomos, centrados no nosso interesse, predadores e individualistas, mas somos criaturas sociais, conectadas com as outras criaturas e com toda a biosfera que sustenta a nossa vida.
Carlo Petrini – O que você pensa sobre o desastre provocado pela plataforma da BP no Golfo do México? Acho-o terrificante.
Jeremy Rifkin – Catastrófico. Deveria ser um sinal de alarme para todos, nos Estados Unidos, mas também aqui na Europa e nos países em desenvolvimento. É como com a guerra no Vietnã, que despertou as consciências e fez nascer o movimento pacifista. Tenho confiança nos jovens: penso que está iniciando uma grande mudança no mundo. A velha política sempre foi dividida entre conservadores e não conservadores, entre direita e esquerda, mas essa é a nova geração que não se preocupa com ideologias e inclinações, é uma geração que cresce com a Internet e colabora nos seus espaços sociais como o Youtube e o Facebook. Estão levando adiante uma visão diferente, colaborativa, que compartilha as tecnologias e as coloca à disposição.
Carlo Petrini – Gosto muito da referência que você fez ao Vietnã, porque acredito que este é o novo pacifismo, que deve frear a nossa guerra contra a natureza.
Jeremy Rifkin – Stop war on nature! [Parem a guerra contra a natureza]. Você tem razão. Lutamos contra a natureza por muito tempo. É hora de acabar com isso e de nos comportarmos como verdadeiros seres humanos. Mandamos mensagens, ondas de rádios e várias outras coisas para o espaço em busca de outras formas de vida, esperando que alguém nos respondesse, mas ninguém nos respondeu. Procuramos por vida inteligente no universo, enquanto não nos damos conta de que ela está diante dos nossos olhos. É a vida das plantas com a sua beleza, a vida dos animais, dos mamíferos que têm sentimentos: estamos rodeados pela vida em todos os lugares, pelo mistério da vida.
(Ecodebate, 14/06/2010) publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.
[IHU On-line é publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]
GUSTAVO HENNEMANN
ENVIADO ESPECIAL A JUAN LACAZE (URUGUAI)
A família da uruguaia Nibia Sabalsagaray recorreu à Justiça só para mudar a versão oficial de sua morte. Queria que o Estado anulasse o atestado de suicídio e admitisse que ela foi torturada e assassinada aos 24 anos por agentes da ditadura cívico-militar do país (1973-1985).
No entanto, o caso da professora e militante comunista foi mais longe. Convenceu a Suprema Corte do Uruguai a declarar inconstitucional a Lei de Caducidade, que perdoa militares e policiais dos crimes cometidos na época.
A decisão inédita permitiu que um general da ativa e um coronel da reserva do Exército fossem processados e presos no último mês.
Gustavo Hennemann/Folhapress | ||
O uruguaio Juan Sabalsagaray com foto da irmã Nibia, morta em 74, em sua casa em Juan Lacaze, a 150 km de Montevidéu |
A conquista jurídica da família Sabalsagaray abriu caminho para que a Suprema Corte considerasse a Lei de Caducidade inconstitucional para outros 20 casos e também rendeu força política aos parlamentares que tentam derrubar a norma de forma definitiva no Legislativo.
"É ilógico que exista essa lei. Minha irmã morreu e eu quero saber o que aconteceu. Estamos cansados de ouvir a historinha do suicídio. Não há nada mais antidemocrático do que o Estado proibir a apuração de um crime", diz Juan, 58, irmão de Nibia que hoje vive em Juan Lacaze, a 150 km da capital uruguaia.
Por cinco anos, ele e duas irmãs lutaram contra as intimidações e as travas da legislação. Ligações anônimas mandavam a família "parar de incomodar", conta.
Segundo o Ministério Público e a família, tanto o general Miguel Dalmao, na época segundo-tenente, como o coronel José Chialanza, que comandava o quartel em que Nibia morreu, participaram do interrogatório e da sessão de tortura que provocou a morte da militante.
Em seguida, ambos trataram de forjar documentos e de montar uma cena de suicídio, segundo a Promotoria.
Nibia liderava reuniões políticas e pichava mensagens contra a ditadura. Foi presa e levada a um quartel em junho de 1974. No dia seguinte, militares levaram o corpo à família dizendo que ela havia se enforcado.
Segundo Adolfo Garcé, cientista político da Universidade da República, o caso foi um dos que mais indignou a sociedade uruguaia porque ela nunca pegou em armas.
SACOS PLÁSTICOS
O corpo de Nibia Sabalsagaray foi entregue à família dentro de um caixão lacrado. Durante o velório, porém, familiares ignoraram ordens para manter o caixão fechado e examinaram o corpo.
O então estudante de medicina e amigo da militante Marcos Carambula observou que ela apresentava hematomas pelo corpo e que a marca no pescoço não era um sinal de enforcamento voluntário.
Ela teria sido submetida ao método do "submarino seco", no qual a vítima é sufocada com um saco plástico.
A família diz que ela não tinha perfil depressivo e que a hipótese de suicídio é ilógica, já que ela passou menos de um dia presa.
OUTRO LADO
O advogado Miguel Langon, que defende o general Dalmao, afirma que o processo contra seu cliente não apresenta nenhuma prova. "São simples inferências, narrativas, que contam com a convicção pessoal das testemunhas, mas que não têm sustentação jurídica."
A reportagem não conseguiu falar com o advogado do coronel Chialanza.
08/12/2010 - 14:36 | Marina Terra | Redação
O presidente chileno, Sebastián Piñera, disse hoje (08/12) que "o sistema penitenciário do Chile não é digno de seres humanos, de um país que trate de forma civilizada seus cidadãos". O lamento veio após um trágico incêndio na prisão de San Miguel, em Santiago, deixar ao menos 83 pessoas mortas e 21 feridas.
Efe
Familiar entra em desespero após morte de parentes preso ser anunciada pela direção da penitenciária
Logo após as equipes de resgate anunciarem que havia vítimas fatais na cadeia, familiares dos presos se desesperaram e entraram em confronto com forças de segurança do lado de fora. O jornal La Tercera publicou relatos de parentes que afirmaram que num primeiro momento os bombeiros foram impedidos de ingressar no prédio - o incêndio começou após uma briga no quarto andar.
"Essa deve ser uma tragédia que nos ajude a corrigir nossos rumos, que ajude a melhorar a qualidade de vida das pessoas que estão privadas da liberdade", afirmou Piñera, de acordo com a agência argentina Télam. Segundo ele, cerca de 70% dos presídio chilenos estão superlotados.
Efe
Funcionário do governo é cercado por familiares em busca de informações sobre presos
Piñera afirmou que o governo iniciou em 15 de outubro um plano para modernizar a infraestrutura carcerária do Chile, com a construção de três prisões: uma em Antofagasta, outra em Concepción e a terceira em Talca. Além disso, disse que estão sendo planejadas prisões modulares e a melhoria das camas, do sistema de saúde, do regime de visitas e do programa de reinserção laboral.
Os deputados Hugo Gutierrez, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, e Guillermo Teiller, ambos do Partido Comunista do Chile (PCCh), questionaram o sistema carcerário do país.
Por sua vez, os deputados da Concertação de Partidos pela Democracia (CPD) Marco Antonio Núñez e Jorge Castro anunciaram que solicitarão a criação de uma comissão investigadora na casa legislativa para apurar as causas e responsabilidades do incidente.
A temperatura da cidade de São Paulo aumentou de 2 a 4ºC nos últimos 30 anos. A elevação da temperatura, apontada pelo pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Carlos Nobre, é atribuída à ocupação desordenada da cidade que pode ser percebida principalmente nas áreas mais urbanizadas, onde se formam as chamadas “ilhas de calor”.
Os dados foram apresentados nesta quarta-feira (8) durante a 11º Conferência das Cidades, na Câmara. Segundo Nobre, até o final do século, a temperatura na capital paulista pode subir outros 3ºC em virtude do aquecimento global. Ele acrescentou que, mesmo se o processo de urbanização da cidade pudesse ser interrompido, o aquecimento previsto até 2100 não seria evitado.
“Não precisamos esperar 100 anos para conhecer os efeitos do aquecimento global sobre as cidades, São Paulo já sente esses reflexos”, afirmou o pesquisador. Segundo ele, a capital paulista já sofre com um período de estiagem mais prolongado, chuvas mais intensas, que causam inundações, e até mesmo aumento da incidência de raios.
Na avaliação da professora da Universidade Federal de Maringá e coordenadora do Observatório das Metrópoles, Ana Lúcia Rodrigues, além dos riscos ambientais, o adensamento das grandes cidades está gerando metrópoles sem coesão e planejamento. “Os próprios cidadãos resolvem os problemas de mobilidade e de moradia. Daí surgem favelas e ocupações irregulares”, explicou.
Ana Lúcia defendeu a adoção urgente de políticas capazes de solucionar o problema da ocupação das cidades e destacou que o Brasil passa por um momento bastante oportuno para o planejamento urbano. “Estamos passando por uma transição demográfica, em que a demanda por serviços e moradias nas cidades tende a se estabilizar”, comentou.
Carinhanha
Mesmo sem as pressões dos grandes centros urbanos, pequenos municípios no interior do País também enfrentam dificuldades para lidar com crescimento sustentável, segundo a prefeita de Carinhanha (BA), Chica do PT. Na Conferência, Chica expôs o desafio da cidade que governa para preservar o rio que leva o mesmo nome da cidade. Segundo ela, para que as margens do rio Carinhanha não fossem ocupadas, já foi preciso enfrentar empresários e até o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
“Nossa cidade foi construída sem planejamento. As casas deram as costas para o rio e despejaram seus dejetos nele. O desafio é usar o rio como fator de atração, voltar as casas para ele. Acredito que a única saída é educar, pois não penso que seja possível mudar as pessoas apenas com leis”, afirmou.
O professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC/RJ) e jornalista André Trigueiro lembrou que não é possível idealizar propostas que se apliquem por igual e tenham o mesmo efeito em todas as cidades. Segundo ele, os problemas são locais e as respontas também precisam ser específicas. “O primeiro degrau é o planejamento. Não se pode chamar algo que sai do improviso de solução”, afirmou. Trigueiro criticou ainda a descontinuidade de projetos bons por mudanças na administração.
População urbana
O segundo vice-presidente da Comissão de Desenvolvimento Urbano, deputado Cassio Taniguchi (DEM-PR), explicou que a preocupação ambiental se transfere para as cidades cada vez mais porque grande parte da população mundial está se tornando urbana. Por isso, o tema precisa ser enfrentado. “No Brasil, 85% da população mora nas cidades. As cidades, segundo a ONU, são responsáveis por 75% do consumo de energia e bens e responsáveis por 80% das emissões de carbono, ou seja, causam aquecimento global”, disse.
A 11ª Conferência das Cidades, iniciada ontem e que será encerrada na tarde desta quarta-feira, é promovida pela Comissão de Desenvolvimento Urbano. O tema da conferência neste ano é "O futuro das cidades no novo contexto socioambiental".
08.12.10 - BRASIL |
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Política agrária, demarcação de terras, direito ao trabalho, à infância, segurança pública, trabalho escravo, questão LGBT, ações afirmativas para afrodescendentes e educação são apenas alguns dos temas analisados em 26 artigos que compõem o relatório de Direitos Humanos. A publicação, lançada em português e inglês, faz ainda um balanço sobre a situação dos direitos reprodutivos no último ano e uma análise dos quatros anos da Lei Maria da Penha.
O relatório traz dados históricos das lutas no país, mas, de acordo com Maria Luisa Mendonça, jornalista e coordenadora da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, os artigos se atêm ao ano de 2010, revelando os desafios, avanços e pendências do Brasil."Este ano, um dos avanços da luta popular foi a conexão entre diversos temas, a articulação da unidade das lutas. Trabalhou-se para mostrar que os direitos humanos estão no nosso dia a dia e assim mudar a ideia que ainda persiste na cabeça das pessoas de que os direitos humanos são só para os bandidos. Outro avanço foi conseguir levar os direitos humanos ao centro das decisões políticas".
A fala de Maria Luisa é comprovada com o prefácio do relatório, que garante que "hoje o movimento de mulheres apoia a luta quilombola, o movimento sem-terra defende o fim da impunidade em relação aos crimes da ditadura e o movimento LGBT defende os direitos da criança e do adolescente" e assim "nesta grande fusão, as lutas sociais se diversificam, ramificam e fortificam".
Outro passo à frente dado pelo Brasil foi relatado no artigo que abre o relatório. Escrito por Aton Fon Filho, advogado e diretor da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, o artigo relata a histórica condenação dos matadores de irmã Dorothy Stang e do proprietário de uma fábrica de fogos de artifício em Santo Antônio de Jesus, na Bahia, que explodiu matando 64 pessoas. A articulação de setores sociais garantiu que os casos fossem levados à frente e culminassem em justiça, provando que o Brasil pode deixar de ser o país da impunidade.
No rol dos desafios, o Brasil precisa olhar com mais atenção para questões como a reforma agrária, que avançou pouco nos últimos anos; a demarcação de terras indígenas e quilombolas, a construção desenfreada e impactante de grandes empreendimentos e a utilização dos recursos naturais de maneira responsável.
Maria Luisa relembra ainda que, para além desses desafios mais recentes, o Brasil ainda guarda pendências antigas com o seu povo, como a abertura dos arquivos da ditadura, a persistência da prática da tortura e também da impunidade.
Alguns temas mostraram tanto desafios como avanços neste ano, como é o caso do trabalho. "Houve uma ampliação do acesso ao trabalho, a luta dos trabalhadores também avançou, foi registrada uma grande quantidade de greves, mas se percebeu uma constante criminalização dessas greves com a aplicação de altas multas, o que faz com que a população não apoie a causa dos trabalhadores e pense que sai prejudicada", revela Luisa.
"Nós já tivemos bastante tempo para resolver problemas históricos como o da saúde e da educação. Nosso país não é pobre, nós temos recursos, mas o que necessitamos, na verdade, é de vontade política", finalizou a jornalista.
Relatório de Direitos Humanos no Brasil 2010 na íntegra: http://www.social.org.br/
Alexandre Cruz / Especial para o Sul21
Consultor de Direitos Humanos e Segurança Pública, o ex-deputado gaúcho Marcos Rolim revela que, segundo pesquisas realizadas, 95% das pessoas, em todo o mundo, “já praticaram pelo menos um crime em suas vidas”. Rolim defende que as crianças brasileiras passaram a ser vistas como seres com direitos, depois do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), aprovado em 1990. Reconhece, no entanto, que ainda falta muito para que as crianças tenham, por exemplo, uma educação de qualidade. Sobre a violênia de gênero, o consultor lembra que no Brasil uma em cada três mulheres já foi vítima de agressão.
Pergunta – Uma leitora do blogue Jornalismo Descomplicado questiona: “Por que bandidos têm mais direitos que o cidadão que não comete delitos”?
Marcos Rolim – A afirmação da leitora expressa uma incompreensão. Os direitos humanos assegurados pela Constituição dizem respeito sempre a todas as pessoas. Os direitos previstos aos acusados da prática de algo ilícito são também direitos de todos nós. Se, um dia, a referida leitora for acusada da prática de um crime – por exemplo: sonegação fiscal – terá condições de entender porque é importante a ampla defesa e o princípio da presunção da inocência, por exemplo. O complicado no Brasil é que as pessoas não têm a menor noção a respeito dos valores mais elementares que estruturam o direito e reproduzem, quase sempre, uma visão preconceituosa. Sobre o “cidadão que não comete delito” devo dizer, ainda, que esta é uma figura metafísica. Pesquisas com estudos de autorrelato (self report studies), onde se oferece um questionário para respostas anônimas, têm demonstrado em todo o mundo que 95% das pessoas já praticaram pelo menos um crime em suas vidas. Fiz apenas um destes estudos com uma turma de especialização em direito militar – todos os alunos integrantes das Forças Armadas. Para o crime de tortura, encontrei 75% de respostas positivas e para o crime de comprar produto pirata (sabedor que se tratava de produto pirata) encontrei 100% de respostas positivas. Assim, é importante entender que o crime diz respeito à agência humana. A maior parte das pessoas comete delitos de menor gravidade, especialmente durante sua juventude; enquanto alguns cometem delitos muito graves e constroem carreiras criminais.
P – Na área dos Direitos Humanos, quais os avanços ocorridos no Brasil?
MR – A resposta a esta pergunta depende da escala temporal que se adotar. Se olharmos para o que ocorreu no Brasil nos últimos 200 anos, veremos um País que rompeu com a escravidão, após três séculos de horror, e que hoje luta para a plena integração dos negros e pelo fim do racismo; veremos um país que saiu de uma posição subalterna e colonial para uma das 10 nações mais ricas do planeta onde a expectativa de vida já supera os 70 anos. Se nossa escala temporal for menor, digamos 30 anos, veremos um país que sai da experiência de uma ditadura militar, que impôs a censura à imprensa e uma repressão cruel aos seus opositores – com tortura, assassinatos e ocultação de cadáveres – para uma situação de consagração constitucional das garantias fundamentais e para o mais longo período democrático de nossa história republicana. Por qualquer escala, entretanto, parece evidente que a par dos inúmeros avanços e conquistas já obtidas, temos ainda uma importante agenda a cumprir. Penso que os desafios são vários. Eles começam na exigência pelo fim da miséria – o que só será possível com políticas mais ousadas de inclusão social por parte do Estado brasileiro – e se estendem à efetivação dos direitos já reconhecidos por lei, especialmente aos grupos fragilizados socialmente, o que envolve as crianças, as mulheres, as minorias étnicas, os homossexuais, os deficientes físicos e mentais, os portadores de sofrimento psíquico, etc. Penso também que precisamos aperfeiçoar nossas instituições com o objetivo de combater a ineficiência, os privilégios e a corrupção.
P – Como o Brasil tem tratado as crianças?
MR – Avançamos muito desde a vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente. As pessoas não se dão conta, porque as mudanças se deram em um período muito pequeno do ponto de vista histórico. Antes do ECA, as criança no Brasil eram vistas como seres desprovidos de direitos. Pouco mais que um apêndice de seus pais. A ideia da titularidade de direitos das crianças expressa uma revolução cultural que não pode ser menosprezada. Mas isso foi apenas um passo. Precisamos avançar muito para assegurar às crianças brasileiras uma educação de qualidade e temos, ainda, que melhorar a rede de proteção à infância, especialmente os Conselhos Tutelares, de tal forma que seja possível prevenir a violência contra as crianças, seja a violência física, seja o abuso sexual ou a negligência. No que diz respeito à negligência, é fato de que o problema não atinge apenas as famílias pobres. Muitas famílias privilegiadas socialmente terminam por reproduzir um padrão de abandono as suas crianças. Isto costuma se refletir em sofrimento destas crianças, em ausência de limites em seu processo de formação e em comportamentos delinquentes na adolescência.
P – Até que ponto a tolerância com a exploração sexual das mulheres legitima outras formas de violência contra as mulheres?
MR – Uma em cada três mulheres brasileiras já foi vítima de agressão. A violência contra a mulher é uma epidemia mundial, mas é mais grave em países tão desiguais como o nosso onde a violência aparece associada à ideia de “masculinidade”. Penso que tal associação seja espúria e que homens que batem em mulheres não gostam de mulheres na verdade. Mas a violência contra as mulheres não é só física. Há uma violência do cotidiano que é tão grave quanto os casos de espancamento e que normalmente é invisível. Refiro-me à dominação e à intolerância que caracteriza muitas relações conjugais. Nestas situações, as mulheres são tratadas como se fossem incapazes, suas vidas são controladas pelos seus companheiros, suas rotinas bisbilhotadas ou regradas pelas ordens do seu parceiro. É comum que este tipo de relação constitua uma realidade marcada pelo terror das ameaças, entre outros fenômenos deploráveis.
P – O senhor é a favor de uma lei que coíba anúncios de prostituição na imprensa?
MR – A liberdade de imprensa deve ser total no que se refere à mídia impressa. Os donos dos veículos respondem pelos abusos eventualmente praticados. O mesmo raciocínio não se aplica às emissoras de rádio e televisão que, segundo a Constituição, são meios de natureza pública – vale dizer: de propriedade do povo brasileiro –, explorados por empresas privadas mediante concessões do Estado. Os limites para estes meios estão definidos no capítulo da Constituição Federal que trata da comunicação social – onde se estabeleceu a missão educativa como central para as emissoras de rádio e TV. No caso dos jornais e revistas, entretanto, não há qualquer “missão constitucional”. Eles devem, simplesmente, respeitar a lei. Por isso, não cabe qualquer óbice à publicação de anúncios de prostituição. Trata-se de atividade que não constitui ilícito e que, aliás, deve merecer todo o respeito. O problema da exploração sexual de mulheres na prostituição é outra questão. Neste caso, a proibição dos anúncios em jornal só tornaria mais difícil a opção das mulheres em não se vincular às redes formais de prostituição. Graças aos anúncios, muitas garotas podem trabalhar como autônomas, sem depender de casas de prostituição ou de rufiões que as exploram.
P – O direito à saúde é condição indispensável para o exercício de outros direitos. A privatização dos serviços de saúde põe em risco este princípio?
MR – Em tese sim. A saúde é um dos direitos humanos reconhecidos como de “segunda geração”. Ela diz respeito a um direito que é pressuposto para muitos outros. Se o Estado tem a obrigação de assegurar este direito a todos, então deve tratar de alcançá-lo também e sobretudo aos mais pobres. Se os serviços de saúde são privatizados isto fará com que os mais pobres tenham mais dificuldade de acessá-los. Então, o que me parece correto é que exista um sistema único de saúde que assegure a gratuidade e a qualidade destes serviços. A medicina de grupo e os serviços particulares devem existir como uma alternativa legítima, mas não em substituição ao SUS. Aliás, temos no Brasil um dos melhores sistemas de saúde do mundo. Suas imperfeições são, quase todas, derivadas do fato de que o SUS não consegue atender a todos com a devida presteza. A demanda segue sendo muito superior à capacidade de atendimento. Daí as filas e as listas de espera. Mas a qualidade dos serviços prestados pelo SUS é igual ou superior àquela dos melhores serviços privados, o que tem assegurado a milhões de pessoas pobres serviços que não existem para os desvalidos nos EUA e mesmo na maioria dos países europeu.
En un mundo interdependiente lo que nos queda es el respeto a unos valores de tolerancia y paz
La cuestión no es que Sarkozy deporte a gitanos sin respetar sus derechos legales y humanos, sino que el 82% de los franceses le aplauden. Al igual que los marselleses, en una ciudad con el 25% de musulmanes, apoyando la prohibición de las llamadas de los muecines a la oración, algo así como prohibir repicar las campanas. Los suizos fueron más directos al aprobar en referéndum la prohibición de nuevos minaretes. A alemanes y franceses les hubiera gustado imitarlos. El veto al burka en la calle (Francia, Italia) o en edificios públicos (Catalunya) aprobado por la ciudadanía es expresión de racismo e intolerancia disfrazada de protección de la mujer olvidándose de preguntarles a ellas. Aunque los racistas explícitos son minoría, indicadores de xenofobia (asociada al racismo) muestran su rápido incremento hasta constituir una actitud mayoritaria en toda Europa.
EL PAIS › EL APOYO INTERNACIONAL A LA POSTULACION DE LAS ABUELAS DE PLAZA DE MAYO AL PREMIO NOBEL DE LA PAZ
El 8 de octubre el Comité Nobel anunciará quién resultó electo como ejemplo de la paz en el mundo. Agradecida por la candidatura que impulsó el senador Daniel Filmus, Estela de Carlotto dijo que “el mejor premio, siempre, es encontrar otro nieto”.
Producción: Federico Poore.
El juez español Baltasar Garzón, la senadora chilena Isabel Allende, el cantante Joan Manuel Serrat y la Selección Argentina de fútbol son algunos de los embajadores de lujo que impulsan la postulación de las Abuelas de Plaza de Mayo para el Premio Nobel de la Paz. Convocados por la asociación civil Abuelas de la Paz, todos ellos brindaron su respaldo a la organización que preside Estela de Carlotto y abogaron por que el premio que el comité noruego entregará en dos semanas se lo lleve Abuelas “por su incansable tarea”.
La candidatura, impulsada por tercer año consecutivo por el senador Daniel Filmus, fue aceptada por el comité el 20 de abril. Desde entonces, decenas de artistas y personalidades que por su prestigio y trayectoria gozan de una fuerte visibilidad pública se sumaron a la iniciativa y comenzaron a oficiar como sus embajadores ante el mundo.
“Su causa es la mía”, manifestó Serrat en su carta de apoyo. “Su ejemplo, su compromiso y su trabajo incansable a lo largo de todos estos años han hecho posible no sólo rescatar y restituir a las legítimas familias a muchos niños secuestrados por la dictadura sino también mantener encendida en la sociedad, dentro y fuera de la Argentina, la llama de la conciencia que nos empuja a conocer la verdad”, escribió.
El músico catalán forma parte del Consejo de Notables que el mes pasado hizo su presentación oficial en el Senado argentino. En aquel entonces, el juez Baltasar Garzón –suspendido en su país por investigar los crímenes del franquismo– dio su apoyo a las Abuelas en un acto que compartió junto a la senadora Isabel Allende, la hija del ex presidente Salvador Allende; y el ministro de Seguridad, Justicia y Derechos Humanos, Julio Alak.
El madrileño Ismael Serrano también se manifestó a favor de la iniciativa. Las Abuelas –dijo– “forman parte de una asociación que lucha por la identidad y la justicia, contra el olvido y el silencio. Hubieran preferido no asumir el protagonismo que hoy tienen, pero terribles circunstancias las obligaron a tomar la responsabilidad que al día de hoy las ha convertido en indispensables referentes morales en todo el mundo”, expresó el músico. El autor de “Principio de incertidumbre” relató algunas de las charlas que compartió con Carlotto y con Tati Almeida, la referente de Madres de Plaza de Mayo, y luego confesó: “En cada encuentro trato de contagiarme de su arrebatadora juventud”.
“Aun hoy, hombres y mujeres nacidos entre el ’75 y el ’80, con dudas con respecto a su identidad biológica, siguen acudiendo a las Abuelas en busca de la verdad”, contó Serrano. “Tras el análisis de ADN, después de tantos años, vuelven a nacer al reconocerse en las fotos de los padres reencontrados que las abuelas siempre guardan como un tesoro”, concluyó.
Para el músico Miguel Angel Estrella, embajador argentino ante la Unesco, la acción de Abuelas es “una causa de amor y justicia para pacificar nuestra sociedad”. “Su acción humanista, valiente y de gran coraje ha contribuido no sólo a resistir una dictadura cruel, sino también a preparar el retorno a la democracia –escribió Estrella desde París–. Conquistada ésta, con nobleza e inteligencia ejemplares comenzaron las investigaciones sin pausas para llegar a los juicios de los represores, responsables de la desaparición de sus hijos y del robo de los nietos nacidos durante el cautiverio de sus madres.”
Uno de los respaldos argentinos más difundidos recibidos por Abuelas fue el del ex entrenador de la selección nacional Diego Maradona. Junto con el suyo, llegó el de todo el equipo celeste y blanco, que el pasado 24 de mayo desplegó una bandera en el estadio Monumental apoyando la postulación.
En los días previos a la Copa del Mundo, el ex DT recibió en Sudáfrica a Carlotto. Maradona, quien había conocido a la titular de Abuelas en un acto por el 1º de mayo en Cuba, expresó su respaldo a las acciones emprendidas por la organización. “Todos tenemos que estar con ellas”, expresó Maradona, antes de abrazarse con Carlotto en una imagen que recorrió el mundo. Ella prefirió aclarar que que “el mejor premio, siempre, es encontrar otro nieto”.
Otros apoyos locales fueron los de los músicos León Gieco y Gustavo Santaolalla, el rabino Daniel Goldman, el historiador Felipe Pigna, el periodista Pedro Brieger y el filósofo Ricardo Forster. En esa misma línea, Abuelas de la Paz organizó durante las últimas semanas juntas de firmas en distintos puntos del país, buscando darle un espaldarazo popular a la iniciativa. Hasta ayer se habían recolectado más de 12 mil adhesiones.
Este año llegó a Oslo la cifra record de 327 propuestas de nominaciones. Se habló, por ejemplo, de una potencial candidatura del presidente de Bolivia, Evo Morales –que obtuvo el respaldo del ex Nobel de la Paz, Adolfo Pérez Esquivel–, pero hasta ahora los integrantes del jurado mantuvieron un fuerte hermetismo sobre los potenciales competidores de Abuelas. Todo parece indicar que, fiel a su estilo, el Comité que desde 1901 entrega los premios mantendrá en secreto la nómina final.
El ganador será anunciado en Oslo el viernes 8 de octubre y la ceremonia de entrega de premios tendrá lugar el 10 de diciembre, cuando se conmemore la muerte del sueco Alfred Nobel, ideólogo del galardón.
“Se lo merecen por muchas razones, no sólo por las históricas –expresó Filmus al justificar la iniciativa–. No sólo por haber peleado en épocas en las que el terrorismo de Estado imperaba en la Argentina, sino porque siempre han buscado justicia y memoria, y nunca la venganza ni la revancha personal”, agregó.
Argumentos similares brindó la organización Abuelas de la Paz. “Con su lucha infatigable se han transformado en uno de los principales paladines y símbolos del valor de la democracia y la paz en América latina, uno de los continentes más golpeados por las interrupciones del orden constitucional”, expresaron sus referentes. En menos de dos semanas se sabrá si finalmente llegó la hora de ese reconocimiento.
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JULIANA VAZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Alice Miceli tinha seis anos à época do maior acidente nuclear da história.
Veja a cobertura completa da Bienal de Artes de SP
Era abril de 1986 quando o reator de Chernobyl explodiu, na antiga União Soviética, deixando para trás um mar de contaminação invisível aos olhos.
Mais de duas décadas depois, a artista carioca, hoje com 30 anos, se impôs o desafio de fazer ver a energia liberada então.
Em um trabalho extremamente conceitual, documentou os fantasmas radioativos da chamada zona de exclusão --situada em um raio de 30 km ao redor do reator, evacuado logo após o acidente-- na fronteira entre a Ucrânia e Belarus (antiga Bielorrúsia).
Mas não sem impedimentos. Para conseguir driblar as autoridades e adentrar a zona, que ainda hoje oferece riscos de doenças, se embrenhou entre cientistas alemães que trabalham no local e se fez de pesquisadora.
"Belarus é uma ditadura, ninguém quer que isso tenha publicidade. Como é invisível, é fácil dizer que não está lá", conta a artista, que se mudou para Berlim em 2007 para realizar o projeto.
Eduardo Anizelli/Folhapress | ||
A artista Alice Miceli, na montagem final de sua obra, "Projeto Chernobyl", na Bienal de Artes de São Paulo |
ESTREIA
Mas bem pouco é inteligível nas imagens que fazem reviver esse passado.
Os filmes eram sensíveis não à luz, mas aos raios gama, que, após meses de exposição, saíam marcados pela radioatividade impregnada em troncos de árvore, janelas e espaços vazios.
"Pedras e vidros não estão bem contaminados. Os campos, sim", concluiu.
As 30 imagens que resultaram dessas experiências ela expõe pela primeira vez na 29ª Bienal de São Paulo, que abre amanhã ao público.
E também esses negativos originais, que mais sugerem do que escancaram os vestígios deixados pela explosão, marcam sua estreia na mostra do Ibirapuera.
Um marco para a jovem artista com formação em cinema que começou a experimentar para "pensar a criação de sentido nas imagens".
Um vídeo de 30 segundos que faz parte de uma campanha contra a rede de fast food McDonald's está causando uma grande polêmica em Washington DC, nos Estados Unidos.
Veja o vídeo.
O comercial --produzido por um grupo independente de médicos americanos-- tenta tirar o apetite dos telespectadores ao mostrar um homem de meia idade e acima do peso deitado sobre uma maca em um necrotério. Em uma das mãos, ele segura um sanduíche pela metade.
A música de fundo, tensa, dá lugar a uma mulher chorando sobre o corpo. O famoso "M" amarelo aparece sobre os pés do cadáver, seguido pelo slogan "Eu estava amando muito tudo isso" ["I was lovin' it", no original], em um trocadilho com a versão "Amo muito tudo isso" [I'm lovin' it] da rede de fast food McDonald's. O comercial termina com o narrador dizendo: "Colesterol alto, pressão alta, ataques cardíacos. Hoje à noite, seja vegetariano".
O vídeo foi produzido pelo grupo Physicians Committee for Responsible Medicine [PCRM, Comitê de Médicos por uma Medicina Responsável, em tradução livre]. Deve ir ao ar em Washington DC durante o intervalo do popular "The Daily Show" nesta quinta-feira, e no intervalo de outros shows da programação local.
A propaganda tem como alvo "o menu de elevadas calorias do McDonald's, com o objetivo de chamar a atenção dos moradores de Washington para os altos índices de mortes ligadas a doenças cardíacas na cidade e a alta densidade de restaurantes de fast food", defende a PCRM em comunicado. Estudos mostram que pessoas que consomem fast food apresentam um risco maior de obesidade, fator que contribui para as doenças cardíacas, afirma.
Como era de se esperar, a iniciativa não foi bem recebida pelo McDonald's. Em comunicado publicado em seu site, a rede respondeu ao comercial que "culpa o McDonald's pelas doenças cardíacas".
"Esse comercial é ultrajante, enganoso e injusto com todos os consumidores. O McDonald's confia que seus consumidores vão colocar essa propaganda bizarra em perspectiva, e fazer escolhas de alimentação e estilo de vida que são corretos para eles."
VÍCIO EM BIG MACS
Segundo a PCRM, uma pesquisa mostrou que Washington tem mais lanchonetes do McDonald's, Burger King e KFC por quilômetro quadrado que outras oito cidades com população de tamanho semelhante.
"O vício de nossa cidade em Big Macs e outras comidas rápidas de elevadas calorias está literalmente quebrando nossos corações", afirmou Susan Levin, diretora da PCRM.
A entidade planeja divulgar o comercial também em outras cidades americanas "viciadas em fast food" e com elevado índice de doenças cardíacas, como Chicago, Detroit, Houston e Los Angeles.
Maior rede mundial de restaurantes, o McDonald's tem visto seus lucros crescerem nos últimos meses apesar da crise econômica global, e lançou uma série de alternativas a seus tradicionais sanduíches.
http://www1.folha.uol.com.br/multimidia/videocasts/799234-medicos-americanos-satirizam-mcdonalds-com-video-polemico-veja.shtml
15/09/2010 - 16h22
DE SÃO PAULO
Uma propaganda de televisão que se opõe à rede de fast-food McDonald's acaba de ser divulgada pelo Physicians Committee for Responsible Medicine [PCRM, Comitê de Médicos para a Medicina Responsável, em tradução livre] de Washington.
O comercial, que mostra um homem obeso de meia idade morto segurando um Big Mac, é finalizado com o slogan "I was lovin'it" ("Eu estava amando isso" --em tradução livre), que remete ao "I'm lovin'it" ("Amo muito tudo isso", no Brasil), usado pela marca.