quinta-feira, 11 de outubro de 2007

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1110200720.htm
Operadora de celular Claro lucra com serviço de trote

Entre os temas estão "Gringo", "Gay" e "Surdo"

DIÓGENES MUNIZ
EDITOR DE INFORMÁTICA DA FOLHA ONLINE

A Claro está oferecendo um novo serviço: o trote. Basta mandar um torpedo para a operadora, ao custo de R$ 0,95, e informar o alvo. A vítima pode ser de telefone móvel ou fixo. São 25 opções de pegadinhas -"Gringo", "Gay", "Surdo" e "Argentino" são algumas delas. As pilhérias são todas gravadas e exploram estereótipos.
No perfil "Gay", por exemplo, um homem forçando sotaque nordestino diz: "Desde que eu te vi na academia puxando uns ferros, perdi o ar. Só de pensar fico toda molhada... de suor".
No final da ligação, o número do remetente do trote é informado ao alvo da brincadeira.
"O "Claro Me Liga" é uma maneira divertida de sair de uma roubada ou de colocar os seus amigos em uma", diz a empresa no site www.claro.com.br.
Questionada pela reportagem sobre o teor politicamente incorreto do produto, a companhia alega, em nota, que "não quis desrespeitar a sociedade". "A Claro esclarece que a mensagem do "Claro Me Liga" não é um trote, mas sim um serviço bem-humorado."
Após negar que o serviço seja trote, a Claro tirou de seu portal, à tarde, a seção com os áudios de cada perfil.
O universitário Ravi Santana, 26, foi avisado pela Claro do serviço. "Achei que aquilo [a ligação da Claro], sim, fosse trote. Não só é um serviço inútil, como de extremo mau gosto."
O Ministério Público de São Paulo e o Procon-SP (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) disseram ontem que irão analisar a legalidade do novo serviço da operadora.
"O serviço não está de acordo com a legislação e, portanto, não poderia ser disponibilizado pela empresa. O trote, vindo de uma companhia, pode ser configurado crime contra a honra", disse José Luiz Bednarski, promotor de Justiça do Centro de Apoio das Promotorias do Consumidor. Segundo ele, a Promotoria pode instaurar um inquérito civil para investigar o serviço prestado.
Já o Procon disse que o material no site da Claro será analisado. Disse, ainda, que usuários que se sentirem prejudicados podem procurar a Justiça.

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