Osvaldo Praddo /O Dia Ana Cristina de Paiva foi presa por suspeita de racismo
Quinta, 24 de janeiro de 2008, 10h51 Atualizada às 11h33
Rio: mulher é presa suspeita de racismo em cinema
Marcelo Bastos
A produtora Ana Cristina de Paiva, 40 anos, foi presa na noite de ontem, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, por suspeita de racismo. Uma atendente do cinema do Shopping Downtown alega ter sido chamada de "negrinha" pela produtora. Ana Cristina vai responder pelo crime de injúria por preconceito racial, cuja pena pode chegar a 3 anos de prisão.
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De acordo com a vítima, que preferiu não se identificar, e com testemunhas, a confusão começou quando Ana Cristina entregou o cartão de crédito para pagar por pipocas que havia comprado.
"O pagamento não foi autorizado. Eu informei e ela disse que eu é que não estava sabendo usar o equipamento. Eu disse, então, para que ela mesma tentasse, já que pensava que eu não sabia trabalhar. Ela ficou furiosa, quis passar para o lado de dentro do balcão para me bater e disse que eu era uma negrinha e que devia estar morando na Rocinha", contou a jovem.
De acordo com testemunhas, a produtora gritava e a balconista chorava. "Foi um absurdo o que aconteceu. A mulher ainda perguntou: 'quer que eu a descreva como? Ela é negrinha da Rocinha mesmo, não é nenhuma princesinha da Barra.' Espero que ela seja punida, porque a impunidade deixa a gente ainda mais indignado", contou o professor de inglês Davi Ferreira de Pinho, uma das quatro testemunhas que foram à 16ª Delegacia de Polícia (Barra) acompanhar a vítima.
"Eu vim aqui cumprir meu papel de cidadã. Nós iríamos assistir ao filme O caçador de pipas, que fala sobre preconceito, e de repente acontece uma coisa dessas. Só de saber que essa mulher vai ficar presa, fico mais aliviada. Ela é uma criminosa. Não faz idéia do dano psicológico que pode causar a uma pessoa", disse outra testemunha, lembrando que a delegacia recebeu telefonemas para denunciar o caso.
Para a vítima, a sensação foi de constrangimento. "Não pensei que isso fosse acontecer comigo. Ela ameaçou me bater e disse que negrinha tem que morrer de trabalhar", disse.
O marido de Ana Cristina, que não teve o nome revelado, defendeu a mulher: "chamar uma negrinha de negrinha e um crioulo de crioulo é crime? Como é que eu diferencio? Acho que isso é síndrome de novela", comentou. Já a advogada de Ana Cristina não quis comentar o caso.
O Dia
Um comentário:
Se o que a moça relata for verdade "disse que eu era uma negrinha e que devia estar morando na Rocinha" revela um tremendo preconceito não só de cor mas também de classe social.
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